A despedida do santo do Mucuripe
A comunidade do Mucuripe está órfã. Com a morte do padre José Nilson, a população se reúne para agradecer os ensinamentos do homem que fez história na Paróquia de Nossa Senhora da Saúde, acolhendo pobres, pescadores e prostitutas
Era década de 1950 quando o então arcebispo ofereceu o rebanho que nenhum pastor queria. ``É uma paróquia difícil. Ninguém quer o Mucuripe``, apelava dom Antônio Lustosa ao padre José Nilson. A proposta era passar seis meses na Paróquia Nossa Senhora da Saúde. O padre transformou esse tempo em 54 anos. Acolheu os pobres, defendeu os pescadores e lembrou-se das prostitutas. Fez história no Mucuripe. Ontem a comunidade, chorosa pela perda, foi agradecer.
Eram muitos os que queriam dizer do padre. Franceni Lima Cabral garantia que ele se sentia realizado porque cuidava dos pobres. ``Ele sabia acolher as pessoas. Muitas vezes, erguia a batina até a perna para subir no morro e atender à população``, conta. Para Elvira Praciano, o Mucuripe ficou órfão. ``Perdemos um pai. Ele se destacava pela simplicidade. Era educado, caridoso, tratava todo mundo muito bem``, recorda.
Eva Lima Gregório chorava a falta de um filho. ``Eu não o tinha como um chefe. Cuidava dele como cuido dos meus filhos. Ele era o meu bebê``, lacrimeja a mulher ao se lembrar do padre que cuidou por 11 anos. Fátima Vieira narra as vezes que levou a água simples para o padre transformar santa. ``A gente trazia e ele benzia com tanto gosto. Foi ele que casou minha mãe, me batizou e me crismou``, sorriu.
A senhora do lado orgulha-se em citar que era amiga do padre Zé Nilson. Tinham a mesma idade, chegaram ao Mucuripe no mesmo ano. ``Era um padre bom, um padre santo, um padre dos pobres. Por isso é tanta gente desse jeito na igreja``, e apontou a multidão que se apinhava para ver o corpo do padre após a celebração da despedida, presidida pelo arcebispo dom José Antônio Aparecido Tosi, junto com 20 padres.
Após a missa, cinco ônibus partiram rumo ao cemitério Parque da Paz junto com os carros que completavam o cortejo. Era a comunidade do Mucuripe que seguiria para agradecer. A população cantava. Não esquecia o Segura na mão de Deus e vai, um pedido de paz. Padre José Nilson foi sepultado sob aplausos e ao som do hino da padroeira, Nossa Senhora da Saúde.
Ao fim da despedida que se fazia homenagem, mais um momento para agradecer o que se havia aprendido com o homem santo do Mucuripe. Com um livrinho na mão, sozinha, uma senhora se encostou ao túmulo já coberto. Antes de começar a cantar, justificou: ``Quero cantar para ele. Foi ele quem me ensinou a ler``. Dívida de gratidão.
O padre José Nilson de Oliveira Lima tinha 87 anos. Nasceu em 5 de junho de 1922, em Aratuba, a 128 quilômetros de Fortaleza.
A missa de sétimo dia do pároco emérito da Paróquia de Nossa Senhora da Saúde está prevista para ser realizada na próxima quarta-feira, 21, às 19 horas, na igreja do Mucuripe.
O padre morreu em um hospital particular, devido a uma insuficiência renal.
Para o padre Gílson Soares, assessor para comunicação da CNBB, a Igreja perdeu uma pessoa que era referência para toda a Arquidiocese, principalmente devido ao seu trabalho social: ``Ele tinha um desapego total das coisas. O pouco que tinha era do povo``.
Padre Gílson lembra que uma das paixões do padre José Nilson era o time do Fortaleza. ``Agora, o time ganha um intercessor no céu``, frisa.
Otacília Verçosa, a Tatá, líder comunitária do Mucuripe, trabalhou com o padre por mais de 40 anos. Segundo ela, o padre prestava muita assistência social às prostitutas, conversando e aconselhando.
O seminarista Lauriano Ferreira, que atuou como coroinha do padre José Nilson, frisa o trabalho de evangelização que o padre fazia com a Colônia dos Pescadores Z-8, na comunidade do Mucuripe.
http://opovo.uol.com.br/opovo/fortaleza/973484.html
Parabéns a Matéria Jornalistica sobre o Padre José Nilson, toda comunidade de Fortaleza agradece o carinho e o amor que padre José Nilson deu a todos.
A comunidade do Mucuripe está órfã. Com a morte do padre José Nilson, a população se reúne para agradecer os ensinamentos do homem que fez história na Paróquia de Nossa Senhora da Saúde, acolhendo pobres, pescadores e prostitutas
Era década de 1950 quando o então arcebispo ofereceu o rebanho que nenhum pastor queria. ``É uma paróquia difícil. Ninguém quer o Mucuripe``, apelava dom Antônio Lustosa ao padre José Nilson. A proposta era passar seis meses na Paróquia Nossa Senhora da Saúde. O padre transformou esse tempo em 54 anos. Acolheu os pobres, defendeu os pescadores e lembrou-se das prostitutas. Fez história no Mucuripe. Ontem a comunidade, chorosa pela perda, foi agradecer.
Eram muitos os que queriam dizer do padre. Franceni Lima Cabral garantia que ele se sentia realizado porque cuidava dos pobres. ``Ele sabia acolher as pessoas. Muitas vezes, erguia a batina até a perna para subir no morro e atender à população``, conta. Para Elvira Praciano, o Mucuripe ficou órfão. ``Perdemos um pai. Ele se destacava pela simplicidade. Era educado, caridoso, tratava todo mundo muito bem``, recorda.
Eva Lima Gregório chorava a falta de um filho. ``Eu não o tinha como um chefe. Cuidava dele como cuido dos meus filhos. Ele era o meu bebê``, lacrimeja a mulher ao se lembrar do padre que cuidou por 11 anos. Fátima Vieira narra as vezes que levou a água simples para o padre transformar santa. ``A gente trazia e ele benzia com tanto gosto. Foi ele que casou minha mãe, me batizou e me crismou``, sorriu.
A senhora do lado orgulha-se em citar que era amiga do padre Zé Nilson. Tinham a mesma idade, chegaram ao Mucuripe no mesmo ano. ``Era um padre bom, um padre santo, um padre dos pobres. Por isso é tanta gente desse jeito na igreja``, e apontou a multidão que se apinhava para ver o corpo do padre após a celebração da despedida, presidida pelo arcebispo dom José Antônio Aparecido Tosi, junto com 20 padres.
Após a missa, cinco ônibus partiram rumo ao cemitério Parque da Paz junto com os carros que completavam o cortejo. Era a comunidade do Mucuripe que seguiria para agradecer. A população cantava. Não esquecia o Segura na mão de Deus e vai, um pedido de paz. Padre José Nilson foi sepultado sob aplausos e ao som do hino da padroeira, Nossa Senhora da Saúde.
Ao fim da despedida que se fazia homenagem, mais um momento para agradecer o que se havia aprendido com o homem santo do Mucuripe. Com um livrinho na mão, sozinha, uma senhora se encostou ao túmulo já coberto. Antes de começar a cantar, justificou: ``Quero cantar para ele. Foi ele quem me ensinou a ler``. Dívida de gratidão.
O padre José Nilson de Oliveira Lima tinha 87 anos. Nasceu em 5 de junho de 1922, em Aratuba, a 128 quilômetros de Fortaleza.
A missa de sétimo dia do pároco emérito da Paróquia de Nossa Senhora da Saúde está prevista para ser realizada na próxima quarta-feira, 21, às 19 horas, na igreja do Mucuripe.
O padre morreu em um hospital particular, devido a uma insuficiência renal.
Para o padre Gílson Soares, assessor para comunicação da CNBB, a Igreja perdeu uma pessoa que era referência para toda a Arquidiocese, principalmente devido ao seu trabalho social: ``Ele tinha um desapego total das coisas. O pouco que tinha era do povo``.
Padre Gílson lembra que uma das paixões do padre José Nilson era o time do Fortaleza. ``Agora, o time ganha um intercessor no céu``, frisa.
Otacília Verçosa, a Tatá, líder comunitária do Mucuripe, trabalhou com o padre por mais de 40 anos. Segundo ela, o padre prestava muita assistência social às prostitutas, conversando e aconselhando.
O seminarista Lauriano Ferreira, que atuou como coroinha do padre José Nilson, frisa o trabalho de evangelização que o padre fazia com a Colônia dos Pescadores Z-8, na comunidade do Mucuripe.
http://opovo.uol.com.br/opovo/fortaleza/973484.html
Parabéns a Matéria Jornalistica sobre o Padre José Nilson, toda comunidade de Fortaleza agradece o carinho e o amor que padre José Nilson deu a todos.
Marcou a vida de muitas familias do Mucuripe, Serviluz, Castelo Encantado e Praia do Futuro
ResponderExcluir